Sempre que se comemora um aniversário da CHFJ estamos a recordar o passado e a homenagear os seus fundadores.
Um passado construído com dificuldades, em que foi necessário vencer muitas adversidades, e só o empenho e o denotado esforço de alguns permitiu construir a comunidade que hoje somos. A ambição e o carácter arrojado desses fundadores, lamentavelmente esquecido por alguns associados, são os pilares determinantes na grandeza da nossa cooperativa que, ao continuar a sua obra, a Direcção está de facto, a prestar a melhor honra.
Afirmar a continuidade dos objectivos centrais da Cooperativa e ao mesmo tempo equacionar novas oportunidades que possam honrar o passado e consubstanciar o espírito dos seus fundadores, é assumir o compromisso social de que muitos já beneficiaram. Só uma cooperativa forte e activa pode materializar
anseios e proporcionar condições de melhor qualidade de vida a que, em circunstâncias normais, alguns não teriam acesso.
A época de crise económica e financeira como a que atravessamos, confirma a importância do movimento cooperativo e justifica a opção por novos projectos, a que só o modelo social saberá dar a melhor resposta.
O modelo de rigor na gestão adoptado contribuiu, numa primeira fase, para a estabilidade económica da Cooperativa e, numa segunda fase, para criar um quadro credível e sustentado, capaz de responder em tempo razoável aos desafios do compromisso social. Estamos conscientes das dificuldades, mas seguros na prossecução dos nossos objectivos.
O futuro constrói-se com actividade. Só uma Cooperativa forte e dinâmica será útil para os seus associados.
A Direcção em colaboração com outras entidades, com particular evidência para a Balantuna e para o
Centro de Yoga, tem estado a promover algumas iniciativas de carácter social que, enquadradas nos festejos do XX aniversário, pretendem mobilizar os moradores para a participação aproximando-os da vida da Cooperativa.
As acções têm estado a correr bem, merecendo destaque o Grupo de Teatro que, empenhados nos ensaios e nas demais actividades relacionadas com a arte cénica, são a melhor garantia que o espectáculo que se realizará no próximo dia 4 de Julho será um enorme êxito. Desde já a Direcção convida todos os moradores a assistir, porque o Grupo de Teatro promete. Não seria justo terminar este editorial sem felicitar os intérpretes que desde Março se preparam para o espectáculo, e agradecer ao Prof. Roberto Merino e a Ângelo Mota pela encenação e direcção de ensaio.
Obrigado a todos os que até hoje contribuíram para a Cooperativa.
Fernando Moura e Silva
Presidente da Cooperativa
Prezados Associados e/ou Moradores
A comunicação regular entre Direcção e Comunidade sempre foi uma ambição que, por vários motivos, foi sendo adiada. Com a emissão do segundo número do boletim, é minha convicção, estão criadas as condições de funcionalidade para que se consolide este meio de ligação entre todos. Esta vontade que nos anima só faz sentido se tiver colaboração e cumplicidade de toda a comunidade.
O corporativismo representa a união entre pessoas voltadas para um mesmo objectivo. Através da cooperação, procura-se satisfazer as necessidades humanas e resolver os problemas comuns. O fim maior é o homem, não o lucro. Uma organização dessa natureza caracteriza-se por ser gerida de forma democrática e participativa, de acordo com aquilo que pretendem os seus associados. Este é o nosso critério e o boletim é também resposta à sugestão de muitos associados. Temos de nos conhecer melhor: saber quais as ambições e dificuldades diariamente
vividas, o que fazemos e qual o contributo que cada um pode dar à comunidade, que necessita de iniciativas que nos aproximem. Considerando que as cooperativas são desenvolvidas para, em princípio, servir aos seus associados, podemos dizer que, num primeiro momento, a boa gestão cooperativa é aquela que procura assegurar a importância da cooperação, e procura garantir o alcance dos seus resultados, através de uma conexão entre os associados,
a Direcção da Cooperativa e comunidade em geral, de forma revelar o seu perfil democrático, a responsabilidade dos dirigentes, os direitos e deveres dos associados, o controle interno, a condução dos riscos inerentes ao desenvolvimento da própria actividade, a solução dos conflitos de interesses, o impacto social e a necessidade de preservar a identidade cooperativa. Tudo isto com o objectivo de se promoverem cooperativas sólidas, competitivas, transparentes e confiáveis.
Os princípios referidos, em nosso entender, seriam suficientes para justificar uma relação permanentemente activa com a nossa
cooperativa. Mas, lamentavelmente, assim não acontece!
Para reflexão, ainda que de forma breve, deixo dois outros motivos que justificam o contributo de todos:
1o - Associado à construção da habitação, que adquirimos a um preço cooperativo, está um custo permanente, e durante anos, com as garantias bancárias a favor da Câmara Municipal e outras entidades, como garante da boa execução das infra- estruturas. Lembro que ainda existem garantias emitidas referentes à 1a fase.
2o - Mesmo sabendo que ainda temos muito para fazer, o trabalho e custo com a manutenção dos espaços verdes é suportado pela Cooperativa, e não é assim tão pouco!
A consolidação dos valores (solidariedade e equidade) como base do principio cooperativo e da nossa acção precisa do contributo de todos. Somente assim a cooperativa crescerá e cumprirá com seu papel social e económico.
Fernando Moura e Silva
Presidente da Cooperativa
Finalmente aí está. A CHFJ tem, desde agora, um meio de comunicação regular, público e aberto a todos os que connosco queiram colaborar. A necessidade de levar a todos o ideal cooperativo, as iniciativas que protagonizamos, a vivência e o modelo de comunidade que queremos ajudar a construir, fez nascer um site que pretende ser mais um veículo de coesão desta comunidade.
Baseado nos princípios humanistas, valores solidários e sociais, que enformam a nossa filosofia de vida, queremos contribuir para um movimento cooperativo mais activo, ajustado socialmente, para aumentar a qualidade de vida e níveis de bem- estar que os associados e as suas famílias merecem. Mas também formativo, livre e isento de pressões particulares ou de grupo. Para nós, membros da Direcção são os valores dos direitos humanos, dos direitos fundamentais da família, da educação, dos deveres da cidadania que importa continuar a colocar em primeiro plano. Desde a criação da Cooperativa que temos a consciência que as suas acções afectam a grande maioria dos seus membros, uma vez que, de várias maneiras distintas, contribuiu para o bem-estar físico e social dos que estão ou estiveram a ela associados. Devido à sua estrutura democrática assente nos seus membros, a cooperativa foi a esperança e a materialização de uma legítima ambição: ser proprietário da sua habitação adquirida a um preço social.
Não é novidade que a economia portuguesa teima em não sair da crise, contrariando a expectativa que o Governo vai periodicamente anunciando. A esperada melhoria da qualidade de vida e de aproximação aos parceiros comunitários passou a ser uma miragem. A presente crise social, em que cada há, cada vez mais, portugueses excluídos de uma vida digna e do bem-estar desejado, tem de ser entendida como uma acção prioritária do combate político. Seria bom que os políticos assumissem a necessidade de no seu discurso estarem muito claras as suas preocupações de natureza social e que Portugal acreditasse na certeza das suas convicções. Os problemas sociais não podem ser uma questão de linguagem ou de comunicação. Para alguns o “Social” já não interessa. Para nós, não há economia válida sem preocupações sociais. Se é certo que o dinamismo da economia exige liberdade de iniciativa e concorrência, também é certo que esta liberdade não pode ser exercida à custa dos outros.
A Cooperativa tem vindo a fazer um esforço de modernização, sem alterar profundamente o modelo de gestão social, que continua assente na dedicação e empenho voluntarioso dos seus dirigentes. Os últimos tempos têm mostrado quebras na procura de habitação própria e sente- se a redução de associados com o pagamento de quotas em dia. Sem deixar de ter sempre presente critérios sociais, a Cooperativa, tem que se preocupar cada vez mais com a sua capacidade competitiva, com a riqueza que é capaz de gerar e com a sua consequente distribuição. Só uma cooperativa saudável e competitiva está em condições de oferecer bons postos de trabalho, e servir da melhor forma os seus associados.
Pensar hoje em manter uma atitude exclusivamente voltada para o passado, sem se preocupar com a economia social no seu todo e com as perspectivas de futuro, e contribuir para a falência da cooperativa ou do seu lento definhar e a consequente redução da razão da sua importância. Mais do que nunca temos de pensar socialmente e agir colectivamente.
Fernando Moura e Silva
Presidente da Cooperativa