A primeira fase da obra edificada pela Cooperativa, abarcava o espaço que era constituída pela Rua da Cooperativa dos Funcionários Judiciais, Rua 18 de Abril e pela Rua do Baião, que era, no tempo, um caminho que limitava a nascente a chamada Quinta dos Carregais, e cuja designação é mais antiga, não tendo sido possível para já, saber qual a origem do nome da rua.
Haveria pois que avançar para a segunda fase da construção das moradias e para isso era necessário construir a rua que limitava a norte a dita 1o fase e a que posteriormente, por proposta da Direcção de então, foi dado o nome de Rua Teixeira Lopes. Quem foi então Teixeira Lopes para merecer a honra?
Do casal constituído pelo escultor José Joaquim Teixeira Lopes e Raquel Pereira Meireles Teixeira Lopes, viria a nascer, em Vila Nova de Gaia a 27 de Outubro de 1866 um filho a que deram o nome de António Teixeira Lopes. Com 16 anos entrou na Academia de Belas Artes, onde teve, como mestres e professores, entre outros o
conhecido escultor Soares dos Reis e o pintor Marques de Oliveira.
Em 1885 no terceiro ano, foi para Paris estudar na École dês Beaux-Arts onde conviveu com muitos dos artistas que se tornaram conhecidos posteriormente e onde teve como professores e orientadores grandes nomes da escultura mundial como Gauthier e Berthet. Já então participava em várias exposições tanto em Portugal como na Europa, onde veio a alcançar notoriedade.
Em 1895, fixou-se em Vila Nova de Gaia onde construiu um atelier na Rua do Marquês de Sá da Bandeira, sob projecto de seu irmão José Teixeira Lopes, que com ele colaborou em muitos dos trabalhos que apresentou. Neste espaço, ainda hoje, está instalado a Casa Museu Teixeira Lopes, que doou ao Município de Vila Nova de Gaia, em 1933, para aí ser montado um museu-oficina, onde se podem admirar grande parte das suas obras.
Foi ainda professor na Escola de Belas Artes do Porto e veio a falecer em São Mamede de Ribatua, no concelho de Alijó, a 21 de Julho de 1942. Retratou muitos temas religiosos e históricos em barro, mármore e bronze. De entre as mais conhecidas destacam-se a “A Infância de Caim”, “A Viúva”, “A História”, “Baco”, “A estátua de Eça de Queirós”. A estatueta de Baco pode ser admirada na Praça de República no Porto e a estátua de Eça de Queirós na Praça de Barão de Quintela ,em Lisboa. Tem ainda como trabalho digno de uma visita, as imponentes portas de bronze da Igreja de Candelária, localizada no centro histórico de Rio de Janeiro no Brasil.
Quando por qualquer razão, indico a minha morada como sendo a Rua 18 de Abril ouço, muitas das vezes, a pergunta: “18 de Abril? Porquê? Então não é 25 de Abril?” Todos sabem o que aconteceu no 25 de Abril. Muitos sabem o que aconteceu a 5 de Outubro. Alguns sabem o que aconteceu a 1 de Dezembro. Efectivamente não é muito usual uma rua ser conhecida por uma data, com as excepções já referidas.
Na continuação do boletim anterior sobre a história da nossa Cooperativa e depois de eleitos os Corpos Sociais da mesma (em Assembleia a 26 de Janeiro de 1989) iniciaram-se as diligências necessárias ao seu reconhecimento, pelo que foram solicitadas entrevistas a várias individualidades oficiais “com vista a discutir o relacionamento entre esta Cooperativa e o Ministério da Justiça”. Procurava-se então desbravar o caminho que havia sido traçado e transcrito para os Estatutos, no artigo 3o, onde se refere que o objectivo principal “é a promoção e construção ou aquisição de fogos para a habitação dos seus membros e a reparação, conservação, remodelação e administração dos mesmos, prosseguindo ainda outras iniciativas de interesse para os Cooperadores no domínio social, cultural, material e de qualidade de vida, designadamente organizando postos de abastecimento, lavandarias, creches e infantários, salas de estudo e campos de jogos, centros de dia, sistema de créditos e poupança, criação e gestão de zonas verdes, o fenómeno da cultura em geral e em especial os princípios e a prática cooperativa”. Era, no entanto, premente proceder ao acto formal da legalização da Cooperativa, dando- lhe o necessário estatuto fiscal e legal. Eis pois que, em 18 de Abril de 1989, no Sétimo Cartório Notarial do Porto, perante o notário Licenciado Ludovino António Fernandes, “compareceram como outorgantes Franklim Alves Teixeira, Joaquim Eugénio Nascimento Seixas, Sebastião Joaquim de Oliveira Monteiro, José Albertino Novais de Sousa, Manuel Armando Antunes Ferreira, D. Elvira Alves dos Santos Silva, Almiro Augusto Guimarães, D. Maria de Fátima Sousa e Silva Magalhães Alves, Joaquim Filipe de Araújo Santos Coutinho e D. Fernanda da Conceição Santos Silva que declararam constituir uma Cooperativa de Responsabilidade Limitada denominada Cooperativa de Habitação dos Funcionários Judiciais com sede na Rua João das Regras, 222 na freguesia de Santo Ildefonso, no Porto, com o capital social de cinquenta mil escudos que será regida nos termos dos Estatutos que constam da escritura em documento complementar”, à mesma. Foi pois nesta data, 18 de Abril de 1989, que legalmente foi registada por escritura a nossa Cooperativa. Os Órgãos Sociais, entenderam, e muito bem, que seria importante ficar registada na nossa Comunidade esta data através da denominação de uma das ruas do conjunto habitacional. Assim, acredito que já ficamos todos esclarecidos!
José Paulo Sá
A fundação da Cooperativa de Habitação dos Funcionários Judiciais, C.R.L.
Tendo por base a necessidade de todos nós conhecermos a origem da nossa comunidade, para melhor nos inserirmos e defendermos o espaço que habitamos, é importante saber como trabalharam e que caminhos percorreram aqueles que, durante muitos anos, foram lançando as bases que tornaram possível a concretização do projecto de construção das nossas residências.
Tendo por base os relatos efectuados pelas actas da Direcção e das Assembleias Gerais da Cooperativa, procuraremos, ao longo da edição destes boletins, efectuar algumas transcrições, sintetizando e realçando os aspectos mais marcantes do processo de construção. Assim na primeira acta pode ler-se: “Aos sete dias do mês de Janeiro de 1989, foi realizada a primeira Assembleia Geral, tendo como ordem de trabalhos a discussão e aprovação dos Estatutos da Cooperativa, a eleição dos Corpos Sociais e ainda a discussão de outros assuntos de interesse.” Constituíram, então, a mesa da Assembleia Geral Joaquim Eugénio Seixas, Sebastião Joaquim Martins e Franklim Alves Teixeira. Estiveram ainda presentes nesta Assembleia, segundo o seu relato, trinta associados que não foram identificados. O reduzido número de associados foi suficiente para aprovar os estatutos na sua forma original, mas considerado exíguo para a eleição dos Corpos Gerentes pelo que foi designada uma nova data para a realização destas eleições. Nesta Assembleia foi ainda constituída uma Comissão de Trabalho da qual constaram os seguintes elementos: Joaquim Eugénio Nascimento Seixas, Franklim Alves Teixeira, Sebastião Joaquim de Oliveira Monteiro, José Albertino Novais de Sousa, Maria Otília Teixeira Barbosa e Avelino Neves Duarte e que ficou responsável pela condução das actividades da Cooperativa, nomeadamente a admissão de novos sócios,
Em 26 de Janeiro de 1989, na presença de cento e um associados devidamente identificados, realizou-se a Assembleia Geral destinada à eleição dos Corpos Sociais e à discussão de outros assuntos. Foi apresentada uma lista única que era constituída pelos seguintes Associados: Dr. Jorge de Melo, sócio no72; Dr. Emílio Cabral, sócio no97; Rogério Sousa, sócio no35; Joaquim Eugénio Seixas, sócio no37; Sebastião Joaquim Monteiro, sócio no3; José A. Novais de Sousa, sócio no2; Otília Barbosa, sócia no81; Franklim Teixeira, sócio no 16; Avelino Duarte, (sem indicação do número de sócio) ; Luís Tapinha, sócio no39; Plácido Martins, sócio no23; Armindo Ferreira, sócio no 43; Vitor C. Marques, sócio no49 e Antunes Ferreira, sócio no4.
Esta lista foi apresentada em moção, de forma verbal, à Assembleia, que por unanimidade, se pronunciou a favor da sua eleição, tendo os elementos constituintes da referida lista, sido
A acta constituinte não designa os cargos para o qual os membros foram eleitos, no entanto, qualquer cargo, neste caso, foi importante para o arranque daquilo que mais tarde se viria a tornar numa das mais importantes Cooperativas de Habitação da área metropolitana do Porto.empossados de imediato nas suas funções.
A justa homenagem aos cento e um associados que estiveram presentes nesta Assembleia bem como aos quatorze elementos que constituíram os primeiros corpos gerentes foi já efectuada pela Cooperativa, ao atribuir o nome genérico de Fundadores da Cooperativa à principal rua do nosso complexo habitacional. Por todo o trabalho até aqui desenvolvido, a todos o nosso obrigado!
Terminada a fase de construção do conjunto habitacional da Cooperativa, resolvidos alguns dos problemas herdados das fases anteriores de construção (que se arrastaram judicialmente com sérios prejuízos para a Cooperativa e para a legalização das construções respeitantes a esta última fase), a Direcção da Cooperativa começa agora a trabalhar as questões relacionadas com o meio ambiente e a qualidade de todo o conjunto habitacional. Para tal a Cooperativa dispõe de espaço próprio, para onde está projectada a construção de uma sede e de uma área para actividades de lazer e ocupação dos tempos livres. A Direcção lembra, no entanto, que nem todos os espaços livres pertencem à Cooperativa, uma vez que de acordo com a lei em vigor, tem de ceder à Câmara Municipal determinados áreas destinadas a ser usados pelo bem comum, a saber: o terreno onde estava instalada a Casa Principal e a Capela, o terreno entre a Rua da Cooperativa e a Rua dos Fundadores e ainda o terreno situado entre as Ruas Aurélia de Sousa e Augusto Gomes. Tendo por objectivo melhorar as condições de habitabilidade e de ambiente, a Direcção da Cooperativa decidiu, assumir os custos com o arranjo do espaço situado entre a Rua da Cooperativa e a Rua dos Fundadores, por se tratar de uma zona que funciona como “cartão de visita” para quem entra nesta comunidade. Assim avançou-se, com o devido consentimento do Pelouro de Jardinagem da Câmara Municipal, com o relvado e colocação de bancos, bem como com a implantação de um sistema de rega. A Direcção sublinha que se trata de um compromisso assumido com elevados custos só possível devido, unicamente, à contribuição dos associados. Daí a importância e o devido respeito em preservar a área ajardinada. A manutenção mensal desta agradável zona só é possível com a ajuda de todos, até porque não podem estar uns poucos a pagar o que muitos outros destroem.